Em 200 palavras
Mãos dadas de novo?
André Seben
Se a era politizada do rock n’roll começou com Dylan, em meados dos anos 60 - culminando na explosão da contracultura -, arrefeceu nos anos 70 e voltou com o discurso dos punks até a primeira metade dos 80, nunca surgiu uma época tão propícia a discursos político-sociais como agora. Afinal, o clima está quente. Desde as areias escaldantes do Iraque até o inverno cada vez menos rigoroso de São Joaquim. Com o planeta pedindo socorro de todas as formas, não podia ser diferente com a música ou o próprio rock n’roll, seja qual for o significado que esta expressão representa neste início de século. O que acontece é que, após as investidas do presidente Bush contra determinados países indefesos e sua total omissão diante do abuso do primeiro mundo quanto aos recursos naturais, grande parte dos artistas que mexem com música não ficaram quietos. Desde os nacionais O Rappa, Cidade Negra e Titãs, que, infantilmente, chamaram políticos e corruptos de filha da puta (sic), até os medalhões Neil Young – lançou um disco inteiro anti-Bush – e Rolling Stones, cuja faixa Sweet Neo Con, de seu último álbum, chama o presidente americano de merda pra baixo, só pra citar alguns exemplos, a impressão que se tem é de que a música definitivamente está incorporando novamente tal discurso. Bom ou ruim? Quem sabe? Boas músicas continuam sendo boas músicas e boas letras continuam sendo boas letras. Cabe aos amantes do rock n’roll fazer a filtragem. Muda alguma coisa? Acho que não.
André Seben é jornalista. guitarrista e atleta recém-convertido.
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